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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Lapa de Sta Margarida da Arrábida



Quando pensamos que já conhecemos bem a Serra da Arrábida e os seus segredos somos sempre surpreendidos...
Neste fim de semana estava programado dar uma voltinha soft até ao Portinho, pois durante a semana tinha andado mal da barriga e ainda estava a recuperar, mandei a mensagem a convidar o pessoal e só apareceu o meu amigo Manuel.
Lá fomos conversando e pedalando  nas calmas até chegarmos ao nosso destino onde os cafés ainda fechados não nos permitiu beber o cafezinho  como estava programado. Ao arrancarmos para ir beber o café à Figueirinha comentei que nunca tinha ido à gruta/capela que sabia que existia aqui, e que de barco já tinha visto, mas a pé não sabia o caminho....
Resposta pronta do Manuel...então vais a um sitio novo que te vou ensinar pois sei o caminho....e lá fomos direitos(a descer :-) ) à Lapa de Santa Margarida que parece saída do filme "Os Piratas das Caraibas" só faltando o Jack Sparrow aparecer de qualquer sombra a reclamar o seu tesouro...

A descida é um bocado agreste com uns degraus um bocado mal esgalhados para levar a bike, a meio do caminho pousamos as burras e continuamos até entrarmos numas escadaria que nos leva a uma gruta onde está um altar com imagens de santas....Um sitio bom para meditar  e que merece uma visita para quem não conhece, quer pela beleza natural quer por o contraste entre a luz e a sombra...
A lenda sobre este sitio está aqui: /santa-margarida-lapa-de/  e mete piratas, corsários e mouros.








sábado, 22 de agosto de 2015

Rota Vicentina, de 17 a 19 Agosto 2015





a burra carregadinha no ferry para Troia
Aproveitando uma semana de férias em que a cara metade estava a trabalhar , resolvi experimentar a Rota Vicentina http://www.rotavicentina.com, que é um percurso traçado no sudoeste alentejano, com dois caminhos principais, o caminho historico , que passa nas principais vilas  e foi pensado para fazer a pé ou  de bicicleta(BTT), segue o caminho que seria usado pelos peregrinos antes de existir o automóvel e as estradas nacionais.
O outro é o trilho dos pescadores que segue a linha da costa a partir de Porto Covo, em direção a Almograve e à Zambujeira.
No final de Junho tinha feito uma semana de férias em Vila Nova de Milfontes e tive oportunidade de fazer uma parte deste caminho para norte na direção de Porto Covo, e também para sul, Verifiquei que apesar de ser difícil e por vezes perigoso, é ciclavel em partes consideráveis, tendo como principal dificuldade a areia mole que obriga a empurrar em vez de pedalar.

o orçamento para os 3 dias
No sábado dia 15 de Agosto tomei a decisão de fazer este caminho, sem grandes planos, mandei uma mensagem aos companheiros do pedal, para ver se algum tinha disponibilidade para me acompanhar, mas como foi tudo em cima do joelho acabei por ir sozinho.
aqui é chaparral...
O plano, era apanhar o ferry, na segunda feira de manhã para Tróia e ir logo pela fresca, o mais longe possível no primeiro dia, pois a Rota Vicentina começa em Porto Covo se for o trilho dos pescadores, ou em Santiago do Cacem se for o caminho histórico...este era o plano, mas como sempre e para começar bem, a minha Maria levou o carro com a minha carteira lá dentro... e a solução foi ir ao mealheiro da filha e arrebanhar o que lá estava o que totalizou 60€ que foi o orçamento para esta viagem...sem pára-quedas pois o MB ficou na carteira :-)
A ideia inicial  como disse, era descer a costa até Sagres e regressar de comboio a partir de Lagos...que para chegar ao Pinha Novo  a CP cobra 20€ o que quer dizer que já só tinha 40 € para gastar... ..

O tempo estava limitado a 3 dias e meio pois tinha que estar na empresa na quinta à tarde.
A vantagem de ir sozinho é que se pode sempre alterar os planos e a sensação de ir para onde quer ao ritmo que se deseja é daquelas coisas que só experimentado.
Vencido o medo inicial de andar sozinho, o prazer de conhecer um Portugal desconhecido da multidão que nesta altura se concentra no Algarve, ao ritmo de uma bicicleta é algo que só experimentando é que se pode sentir.
Dizer bom dia às velhotas no meio de nenhures e receber de volta  um genuíno bom dia com sotaque, faz-me lembrar a simplicidade das coisas boas da aldeia.
 Nunca tinha feito viagens sozinho, a maior que fiz até hoje foi o Caminho Português Interior de Santiago que tive oportunidade de partilhar com o meu irmão(caminho-de-santiago-ruta-da-plata) à um ano atrás e que no final só perguntei se podíamos  repetir e dei comigo a matutar porque é que não fazia isto mais vezes...
a chegada a Porto Covo...
Apesar de ter feito cerca de 250km em 3 dias, o esforço que fiz a empurrar a bike carregada na areia  foi porventura um desafio superior aos 400km do caminho de Santiago.
As paisagens e a vista da costa mais selvagem da Europa, é algo que as fotos que vou colocar, não chegam para descrever, mas que servem para deixar a vontade de outros também conhecerem  um dos sítios mais bonitos de Portugal.
No primeiro dia o objectivo foi vencer os 80km até chegar a Porto Covo a tempo de escolher o parque de campismo, ainda arranjei uma tia que estava de férias e que me deu o jantar e me poupou o trabalho de montar a tenda...
à saida no segundo dia no porto de pesca
No segundo dia já no trilho dos pescadores fiz um esforço descomunal para fazer 57km até à Zambujeira, tendo como principal obstaculo a areia mole que nos faz lembrar que na vida existem duas palavras que resolvem muitos problemas...puxa e empurra. Mas como sempre a seguir a uma grande dificuldade vem a recompensa, dei com sitios de ribeiros de agua límpida a desaguar no mar , praias fantásticas sem vivalma em pleno Agosto...e um trilho espectacular entre as dunas e as praias , onde nem sequer faltou uns 10 campos de futebol seguidos....faltou a bola :-) , pois o caminho passa entre campos com relva  para transplantar para os campos de futebol.

um mar sem fim à vista...

as pedras empilhadas lembram os caminhos de santiago


Praias com nomes e lendas esquisitas aparecem onde menos se espera
Pelo caminho temos avisos que nos lembram que devemos ter cuidados em conservar a natureza

A risca verde e azul assinalam o trilho dos pescadores que está bem assinalado ao longo de todo o percurso
O trilho segue ao longo da costa por zonas ainda selvagens

ribeiros de aguas límpidas vão desaguar no mar...falta o som da agua a correr...





Mesmo nos sitios mais reconditos as marcas do caminho estão presentes como é o caso aqui nesta arvore, o problema era a bike que com tanto peso em cima perdia a agilidade e afundava na areia...menos ar nos pneus e a coisa melhorou...
o caminho está bem sinalizado com a risca verde e azul...





Existem pequenas pontes de madeira para atravessar as ribeiras mais profundas ou com maior caudal, sem molhar os pés

Alem debelas paisagens e do mar sempre ao lado, de vez em quando aparecem uns bichos simpaticos a pedir umas festas...

 
Depois de muito empurrar e puxar lá cheguei já sem agua e cansado a Almograve , onde ainda tentei almoçar mas como já eram tres e meia não tive muita sorte, paguei por uma imperial e uma garafa de agua 2,5€ e fiquei logo a pensar...ainda bem que não almocei...
Finalmente a chegada ao cabo Sardão onde arranjei uma mercearia daquelas dos anos 60 com uma velhota dessa altura tambem onde me reabasteci de agua, fruta e bolachas e paguei com uma nota de 5 e ainda recebi muito troco.
vista do farol do Cabo Sar



do cabo Sardão até à Zambujeira a vista é esta e é muito facil de pedalar mesmo com a burra carregada




cansado mas feliz já perto do destino...aqui a lanchar com uma vista previligiada

A chegada ao Porto das Barcas, onde a dificuldade depois de uns 20km bem agradáveis desde o cabo Sardão, foi descer a parede onde termina o trilho com a bicicleta carregada...tive sorte correu bem.
Daqui para a frente é sempre plano até à Zambujeira onde fui encontrar o parque de campismo "Villa Park Zambujeira" que tem umas condições optimas com uma bela piscina, os preços são a condizer,por uma noite com tenda paguei 13 € com mais 7€ do jantar do dia anterior ...começava a ficar escasso

Aqui a tenda já montada onde o unico senão foi ter estranhado o novo colchão..e acordado às 4 da matina com uma mana na tenda ao lado a chamar o gregório...









No 3º e ultimo dia , uma alteração de planos, como a Maria se ofereceu para me ir buscar , deixei de parte o comboio e alterei o regresso pelo  caminho histórico da rota vicentina, tendo como destino São Teotónio, onde pude comprovar que os habitantes locais não fazem a mínima ideia que a rota vicentina existe e muito menos o que significa. Para me desenrascar tive de ir à junta de freguesia e lá consegui perceber para onde tinha de ir ...
 O primeiro furo foi remendado em pleno largo de S. Teotónio que é daquelas vilas castiças já sem a influencia do turismo de massas do litoral...



no caminho histórico da rota o verde e azul dão lugar ao branco e vermelho que assinalam o caminho...
Quanto mais se avança para o interior mais se percebe a desertificação que assola vastas áreas do pais, aqui debaixo de um sol abrasador andei dezenas de kms sem ver vivalma, no entanto aqui já viveu gente como se percebe pelos apetrechos de cozinha de outros tempos.



Apanhar umas amoras para matar a sede e enganar o estômago também ajuda..

 No meio de algum sitio que não faço a mínima ideia onde(mas antes de Odemira) dei com um belo riacho de aguas límpidas que nem sabia que existia nesta altura do ano no Alentejo...




 O rio Mira já perto de Odemira onde almocei uma bifa e uma canha com uns 40ºC de temperatura...





Ultima "terra" antes de Santiago do Cacem onde cheguei já de noite com a serra do Cercal a nunca mais acabar e eu só com uma luzinha de mineiro na tola mas com uma vista fenomenal ao cair da noite com o ceu pintado de laranja , violeta e lilás sobre Sines, com o mar ao fundo.
Uma despedida em grande para uma viagem um bocado alucinada que me deu imenso gosto fazer, e que a pé ou de bicicleta gostaria de repetir.